Cieli Almeida, Alexandre Rolim e Jeane Carla
Há cinco anos o Teatro Ogan apresenta a performance: “O Menestrel” de Willian Shakespeare. A primeira montagem, de 2006, era concebida pelo trio de atores: Van César, Cieli Almeida e Alexandre Rolim, atualmente, Van César dirige e sua parte é encenada pela atriz Jeane Carla.
O Menestrel foi escrito há mais de trezentos anos e mesmo assim não perdeu sua essência comovendo as pessoas a cada nova apresentação. O Menestrel é uma das reflexões mais bonitas da humanidade, e por que não dizer, necessária a qualquer ser humano que busca a essência da vida.
O texto é revelador e nos remete a mais profunda reflexão sobre nós mesmos. Ele nos ensina a ver o óbvio e assim, melhorar como seres humanos que somos. O texto é um aprendizado de início a fim e, apesar de ser tricentenário parece ter sido escrito hoje.
Nesta quinta-feira, 25, o Teatro Ogan apresentou a performance para centenas de pessoas durante evento que marcou o início do ano letivo do Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFET), de Campo Novo do Parecis.
O que eram menestréis:
Eram espécies de músicos-poetas ambulantes da Idade Média, eram como artistas “menores”, pés-de-chinelo, de rua e de vila, à sombra dos grandes trovadores, os preferidos dos reis e senhores medievais, portanto atuavam como mensageiros de alegria para os mais humildes.
A palavra ministerial, que dá origem à menestrel, vem do latim minor, “menor”, e significando, portanto, “servo” ou “subalterno”. É a mesma origem da palavra “ministro”, que significava “serviçal do rei”, alguém que “repassava” para o povo as ordens e leis criadas pelo rei (ministro da guerra, da justiça, da fazenda, etc).
Leia abaixo o texto shakespeariano:
O Menestrel
William Shakespeare
Cieli Almeida: Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Jeane Carla: Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam…
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Alexandre Rolim: Descobre que se levam anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Jeane Carla: Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Cieli Almeida: Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados.
Alexandre Rolim: Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Jeane Carla: Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Cieli Almeida: Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Jeane Carla: Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Cieli Almeida: Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame...
Alexandre Rolim: ... não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode
Jeane Carla: ...pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Alexandre Rolim: Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Jeane Carla: Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Cieli Almeida: Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
Alexandre Rolim: E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte.
Cieli Almeida:...e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
Alexandre Rolim: E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Todos: Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.