sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Para refletir! - Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas

Por Deena Skolnick Weisberg, para o Aeon*

As crianças têm muito o que aprender. Pode se dizer que este é o propósito da infância: garantir às crianças um tempo protegido para que elas possam se concentrar em aprender como se comunicar, como o mundo ao seu redor funciona, que valores sua cultura considera importante e por aí vai. Dada a quantidade massiva de informação que as crianças precisam absorver, pareceria recomendado que eles passassem o máximo possível deste tempo engajadas em estudar seriamente as questões e problemas do mundo.

Ainda assim, qualquer um que já tenha passado tempo ao redor de crianças sabe que elas dificilmente têm a aparência de acadêmicos sérios e focados. Ao invés, as crianças passam muito do seu tempo cantando canções, correndo por aí, fazendo bagunça – isto é, brincando. Para além de participarem da grande alegria de descobrir como a estrutura do real funciona através de suas brincadeiras exploratórias, as crianças (como muitos adultos) também tendem a ser profundamente atraídas por jogos e histórias irreais. Elas fingem ter superpoderes ou habilidades mágicas e imaginam interações com seres impossíveis, como sereias e dragões.

Por muito tempo, tanto pais como pesquisadores supuseram que esses “voos de fantasia” eram, na melhor das hipóteses, inofensivos episódios de diversão – talvez necessários para a descontração de quando em quando, mas sem qualquer propósito real. Na pior das hipóteses, alguns defendiam que tais momentos eram distrações perigosas da importante tarefa de entender o mundo real, ou manifestações de uma confusão pouco saudável sobre a barreira entre realidade e ficção. Mas agora, novos trabalhos no campo da ciência do desenvolvimento mostram que não apenas as crianças são plenamente capazes de separar realidade e ficção, mas também que a atração por situações fantásticas pode na verdade ser bastante útil para o aprendizado.


Trabalhos mostram que fantasia pode ser instrumental para aquisição de conhecimento.

Eu me aproximei dessa perspectiva após testar diversas maneiras de ensinar novas palavras ao vocabulário de crianças da educação infantil em programas do Head Start*, na esperança de combater o déficit de linguagem que existe entre crianças de pré-escola de contextos socioeconômicos altos e baixos. Para fazer meu estudo, minha equipe apresentou novas palavras de vocabulário ao longo de uma atividade de leitura compartilhada, e depois reforçou os significados dessas palavras em sessões de brincadeiras tuteladas por adultos.

*Head Start é um programa do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que oferece educação, saúde e nutrição em serviços abrangentes que envolvem crianças de baixa renda e suas famílias.

A intervenção foi bem-sucedida, e o entendimento das crianças das novas palavras melhorou – o que foi comprovado por testes feitos antes e depois da experiência. Mas o que foi mais interessante para nós foi a diferença entre os dois grupos de crianças deste estudo: aqueles cujas histórias descreviam temas realistas, como cozinhar, e aqueles cujas histórias descreviam temas fantásticos, como dragões. No começo do estudo, publicado em 2015 na revista Cognitive Development, as crianças sabiam menos sobre as palavras dos livros fantásticos, talvez porque tais palavras eram mais desafiadoras. Mas vimos que o conhecimento lexical das crianças aumentou ao longo da intervenção e, nos pós-testes, elas sabiam tanto destas palavras quanto daquelas contidas nas histórias realísticas. Isso é, as crianças ganharam mais conhecimento das histórias fantásticas do que das realísticas.

Essa descoberta é surpreendente uma vez que confronta tudo que sabemos sobre aprendizado e transferência. Um grande montante da literatura na psicologia mostrou que quanto mais próximo o contexto de aprendizagem está do contexto onde a informação será usada, melhor. Isso sugere fortemente que livros realistas deveriam ajudar as crianças a aprender os significados das palavras melhor e reportá-los mais precisamente nos pós-testes. Mas nosso estudo mostrou exatamente o oposto: livros de fantasia, aqueles que eram menos próximos da realidade, permitiram que as crianças aprendessem melhor.


Livros de fantasia, aqueles que eram menos próximos da realidade, permitiram que as crianças aprendessem melhor.

Em trabalhos mais recentes, nosso laboratório vem replicando este efeito. Um estudo em andamento está descobrindo que as crianças aprendem novos fatos sobre animais melhor a partir de histórias fantásticas do que das realísticas. Outros pesquisadores, usando uma variedade de métodos e medidas, mostraram que representações de eventos aparentemente impossíveis podem ajudar as crianças a aprenderem. Por exemplo, crianças são mais preparadas para aceitar novas informações quando elas são surpreendidas – portanto, quando elas têm quebradas suas suposições sobre o mundo físico.

O que pode estar acontecendo? Talvez as crianças são mais engajadas e atentas quando elas veem acontecimentos que desafiam seu entendimento de como o real funciona. Afinal, os acontecimentos nessas histórias fantásticas não são coisas que as crianças veem todos os dias. Então talvez elas prestem mais atenção, o que leva a mais aprendizado.

Uma possibilidade diferente – e mais rica – é que há algo sobre contextos fantásticos que é particularmente útil ao aprendizado. De tal perspectiva, a ficção fantástica pode fazer algo mais do que capturar o interesse das crianças melhor que a ficção realista. Em vez disso, a imersão em cenários onde elas precisam pensar sobre situações impossíveis podem engajar processamentos mais profundos, precisamente porque elas não podem tratar tais cenários como fariam com qualquer outra situação que encontram na realidade.

Elas precisam considerar cada evento com um olhar novo, perguntando se ele cabe no mundo da história e se ele se encaixa nas leis da realidade. Essa necessidade constante de avaliar a história pode gerar circunstâncias bastante próprias para o aprendizado.

Trabalhos futuros irão investigar todas essas possibilidades. Mas, por hora, é importante notar que nossas descobertas podem ter profundas implicações na educação. Mesmo que seja “somente” o fato de que crianças aprendem melhor em contextos fantásticos, porque tais contextos as ajudam a prestar mais atenção, nós podemos usar este fato para fazer melhores materiais didáticos que irão beneficiar todas as crianças.


Artigo publicado originalmente no Aeon Ideias e traduzido pelo Portal Aprendiz via Creative Commons. Deena Skolnick Weisberg é pesquisadora sênior do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia. Seus campos de pesquisa incluem o desenvolvimento de uma cognição imaginativa, o papel que a imaginação joga no aprendizado, e pensamento científico e racional em crianças e adultos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

As Políticas Públicas para a Cultura nas Eleições Municipais

São três chapas com candidatos a prefeito e vice-prefeito e 79 candidatos a vereador que disputam as nove vagas na Câmara Municipal de Campo Novo do Parecis.


O período eleitoral iniciou na última terça-feira (16.08) e a propaganda eleitoral começa a invadir as mídias sociais. Nomes novos, velhos nomes, cada um com seu slogan e promessas voltadas ao bem comum.

Três chapas concorrem ao Paço Municipal Euclides Horst:

"Atitude e Coragem para Juntos Fazer Diferente" - PSDB, DEM, PP, PSC, SD e PSB
Clóvis de Paula - prefeito
Leandro Martins dos Santos - vice-prefeito

"Por Amor a Nossa Terra" - PR, PRB e PMB
Dila - prefeita
Itacir Camilo Rombaldi - vice-prefeito

"O Futuro se Levanta" - PSD, PV, PTB, PDT, PPS, PT, PMBD e Rede
Rafael Machado - prefeito
Dhemis Rezende - vice-prefeito

Na Câmara Municipal de Vereadores serão 8,7 candidatos por vaga. Numa análise mais detalhada do perfil dos 79 candidatos a vereador em Campo Novo do Parecis (conforme dados divulgados pelo TRE-MT), podemos verificar alguns dados:

  • maioria homens - 66%
  • maioria entre 35 a 39 anos - 22,35% (mais velho tem 70 anos e a mais nova 20 anos)
  • maioria pardos - 47% (brancos - 42% e negros - 11%)
  • maioria casados - 42%
  • maioria Ensino Médio - 35,29% (Ensino Superior - 24,71%)
  • maioria empresários - 18,82% (comerciante - 5,88% e administrador - 4,71%)


Planos de Governo e as Políticas Públicas de Cultura

Nos Planos de Governo de cada majoritária e dos candidatos a vereador diversas áreas se sobressaem como a Educação, Saúde, Segurança Pública, Habitação.

Mas Campo Novo do Parecis já avançou muito também nas suas políticas públicas de Cultura com a implantação do Sistema Municipal de Cultura, renovação do Conselho de Política Cultural, estruturação do Plano Municipal de Cultura e Fundo de Incentivo à Cultura, assim como a discussão entre a sociedade civil e o poder público nos Fóruns e Conferências.

Diversas propostas foram pactuadas no Plano Municipal "Cultura na Terra do Parecis" (2013 - 2023) e sob um olhar mais atento dos artistas e produtores culturais, aguardamos as propostas de cada chapa e cada candidato a vereador para esta área.

Como cita a Constituição em seus artigos 215, 216 e 216-A, queremos a Cultura como uma das políticas prioritárias na estruturação dessa sociedade mais humana e mais justa pregada por todos os candidatos nestas eleições 2016.

domingo, 21 de agosto de 2016

Rota Parecis é apresentado ao mundo nas Olimpíadas Rio 2016

Roteiro turístico “Rota Parecis” foi apresentado para milhares de pessoas participantes das Olimpíadas no Rio de Janeiro.


Luiz Carlos Bezerra

O Conselho Municipal de Turismo, COMTUR, de Campo Novo do Parecis esteve presente durante os dias 12 e 13 de Agosto, nas Olimpíadas Rio 2016 divulgando o nosso potencial turístico através do primeiro roteiro de etnoturismo do Brasil, o “Rota Parecis”.

Vestidos com seus trajes tradicionais do povo Haliti- Paresi Adilson Rikibatsa Musuiwane (Vice-Presidente do COMTUR) e Cacique Roni Walter Azoinayce Pareci, (membro do COMTUR), acompanhados por João Ricardo da Costa Bispo, (Presidente do COMTUR), literalmente pararam o trânsito da cidade maravilhosa.

Admirados com a receptividade Cacique Roni conta que para os indígenas o “Rota Parecis” é um projeto muito importante para divulgação e estímulo à manutenção das tradições, motivo pelo qual o não-índio quer conhecer e fazer o roteiro. “Estar no Rio de Janeiro, em meio o maior acontecimento que as Olimpíadas é uma honra muito grande. Estamos mostrando ao mundo que o índio pode acompanhar as novas tecnologias e o processo de globalização que nos cerca, sem perder nossas tradições. Tudo isso agrega valores à cultura indígena e aproxima o índio e o não-índio, proporcionando respeito para consigo e o meio ambiente”, disse.


O Rota Parecis para o mundo

No Rio Mídia Center, espaço organizado para a imprensa do mundo todo nas Olímpiadas Rio 2016, o “Rota Parecis” Tem um alcance extraordinário, e para João Ricardo o fato de jornalistas e meios de comunicação terem-se interessado em fazer reportagens, fotos e saber sobre o projeto já superou as expectativas. “Nossos dois membros do COMTUR paramentados com seus trajes foi um grande atrativo e fomos entrevistados sobre o Rota Parecis por canais de comunicação da Espanha, Estados Unidos, China, e até mesmo a Esporte TV aqui do Brasil que fará uma matéria sobre o Jikunahati (futebol de cabeça)”, comenta o turismólogo.

O Rota Parecis é o primeiro roteiro indígena do Brasil. Um passeio que leva o turista a vivenciar o dia de índio e desbravar em uma aventura incrível nas paisagens que o município de Campo Novo do Parecis – MT pode oferecer. O Rota Parecis proporciona além das atividades culturais e esportivas, o banho de cachoeiras e rapel.

Para mais informações sobre o Rota Parecis procure o Departamento de Turismo, Rua Severino de Lima, N°1206-NE, Bairro Nossa Senhora Aparecida. Telefone: 65-3382-2488 ou 3382-3986.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Circuito cria rede de conexões entre os grupos atuantes nas artes cênicas em Mato Grosso

Segunda edição engloba sete eventos realizados em diferentes regiões do Estado.

Angélica Moraes | SEC-MT


Uma rede que interliga profissionais das artes cênicas de várias regiões do Estado e promove a conexão com pesquisadores e artistas brasileiros, e de outros países, toma ainda mais vulto com a edição 2016 do Circuito Festivais de Teatro de Mato Grosso, projeto da Secretaria de Estado de Cultura (SEC) lançado nesta terça-feira (09), no Cine Teatro Cuiabá.

O novo ciclo prevê a integração de mais festivais, mais cidades alcançadas e centenas de atividades que garantem a descentralização de ações e democratização do acesso à cultura.

“Essa iniciativa faz questão de preservar e dar total liberdade aos grupos e aos festivais para que cada um mantenha a sua identidade. A criação do Circuito tem como objetivo o fortalecimento de uma rede para que recursos públicos sejam otimizados e os espetáculos encenados em outros estados e até mesmo outros países, possam circular por vários municípios e atingir um número maior de pessoas”, observa o secretário de Cultura, Leandro Carvalho.

A primeira edição, realizada ano passado, envolveu quatro festivais, o Velha Joana, em Primavera do Leste, o Festival de Teatro de Campo Novo dos Parecis (Femute), o Festival Zé Bolo Flô de Teatro de Rua, em Cuiabá e o Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense, em Alta Floresta, onde foi realizado também o Seminário Internacional de Teatro Contemporâneo – Núcleo de Pesquisas Teatrais Encontros Possíveis, pela Cia Pessoal de Teatro.

Este ano, o Circuito amplia o número de festivais participantes e contará também com a Mostra Internacional de Teatro Infantil (Miti) e o Humor do Mato, somando assim sete eventos que irão movimentar as artes cênicas em todo o estado.

Além das apresentações dos espetáculos, nos mais diversos formatos e voltados para públicos variados, estão previstas no II Circuito ações de formação, com a realização de debates, workshops, palestras e rodas de conversas. Mais que valorizar os grupos locais, o Circuito vai fortalecer a cadeia de produtores que movimentam o panorama das artes em Mato Grosso.


“O Circuito de Festivais dá visibilidade às produções que já aconteciam em Mato Grosso. É notável a diferença do Festival em Alta Floresta, antes e depois desta iniciativa. O evento se torna mais conhecido, não apenas naquela região, mas no estado todo. Os grupos se conhecem e trocam experiência. O Circuito tem um papel que vai muito além de apoiar cada festival, mas cria uma rede de conexões entre os grupos de Mato Grosso e fora dele”, ressaltou Ronaldo Adriano, do Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense.

A convergência entre os grupos também está entre os pontos positivos destacados por Vanderlei Guollo, do Femute. “Mato Grosso tem uma produção muito grande que precisa ser reconhecida e ter suporte para que as artes cênicas possam se firmar como uma das áreas artísticas do estado. A expectativa é das melhores, já começa com a entrada de novos grupos e envolve, além da circulação dos espetáculos, a formação de artistas e técnicos. Quem ganha com isso é o cidadão, que vai poder prestigiar grandes espetáculos em belos festivais”, ressalta.

Iniciativa inédita em Mato Grosso, o Circuito de Festivais de Teatro tem chamado a atenção de grupos, produtores e artistas de outros estados e até de países da América Latina, segundo revela Jefferson Jarcem, do Festival Zé Bolo Flô. Voltado para o teatro de rua, o festival deve ter como foco este ano o teatro nordestino.

A 2ª edição do Circuito de Festivais de Teatro de Mato Grosso começa em outubro com a Mostra Internacional de Teatro Infantil (Miti) e termina em dezembro com o Encontros Possíveis. Neste período deve contemplar mais de uma centena de espetáculos em municípios de diversas regiões de Mato Grosso, beneficiando não apenas as artes cênicas, mas segmentos importantes para a economia local como o turismo, comércio e serviços.

“Estes são valores mensuráveis, mas há aqueles que vão além como a ampliação do horizonte das crianças e da população como um todo, que começa a ver o mundo de outra forma, a exercer a sua cidadania. São valores imateriais e que dão sentido à vida”, finalizou Leandro Carvalho.

 

Programação

- 7ª Mostra Internacional de Teatro Infantil (Cuiabá e região) - 04 a 09/10

- 8º Humor do Mato (Cuiabá e região) - 20 a 23/10 e 29 e 30/10

- 10º Festival de Teatro Velha Joana (Primavera do Leste e região) - 28/10 a 06/11

- 8º Festival de Teatro da Amazônia Mato-Grossense (Alta Floresta e região) - 07 a 12/11

- 15º Festival de Teatro de Campo Novo do Parecis (Campo Novo e região) - 22 a 27/11

- 3º Festival Zé Bolo Flô de Teatro de Rua (Cuiabá e região) - 29/11 a 04/12

- 8º Encontros Possíveis - Núcleo de Pesquisas Teatrais (Chapada dos Guimarães e região) - 13 a 17/12

Para refletir!


É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

Aristóteles

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

II Circuito de Festivais de Teatro é lançado em Cuiabá

O CFT vai formar uma rede envolvendo sete festivais que já acontecem em Mato Grosso.

JOÃO BOSQUO - Da Reportagem

Cuiabá está vivendo, sei lá, um clima de deserto. À noite ameaça um friozinho, de manhã, meio que venta, segue-se um calorzão danado. Pois nesse clima que acontece a programação da enésima reinauguração do Cine Teatro Cuiabá. Uma programação que, felizmente, surpreende pela multiplicidade de atrações. Na última terça-feira, 9 de agosto, foi aconteceu a solenidade de lançamento do II Circuito de Festivais de Teatro de Mato Grosso.

O secretário de cultura de Mato Grosso, Leandro Carvalho, destaca que este II Circuito de Festivais de Teatro, neste ano, agrega 7 (disse sete) festivais de diversas regiões do Estado, com diferentes perfis, com a liberdade artística, cada qual com sua própria direção e mantendo sua identidade.

O objetivo do circuito, segundo o secretário, é a criação de uma rede para que os recursos públicos sejam otimizados e que espetáculos que vem de outros estados, ou mesmo de outros países, possam alcançar o maior número de pessoas e circular num numero maior de municípios. Ele disse que além do intercambio com outros estados, o Circuito vai possibilitar o intercâmbio entre os próprios grupos participantes dos diversos festivais, dentro de uma plataforma dos próprios grupos.

Eduardo Espindola, responsável pelo Miti –Mostra Internacional de Teatro Infantil, avalia que o Circuito de Festivais de Teatro é uma iniciativa inovadora. “É um modelo de projeto que não se vê em nenhum lugar. Nem nos maiores centros, onde o polo industrial das artes cênicas funciona, existe algo dessa substância, apadrinhado pelo poder público”.

O envolvimento de grupos teatrais, que produzem festivais e esses grupos juntos num mesmo circuito, é pioneiro.


Vanderlei César Guollo, o Van César, do Teatro Ogan de Campo Novo do Parecis, um dos mais antigos do Estado e em plena atividade, acredita que o Circuito de Festivais de Teatro veio reconhecer os festivais que já estão há muitos anos sendo realizados e que movimentam a cena cultural mato-grossense. “O Circuito vai dar uma força para esses festivais e principalmente vai colocar esses festivais para se conversarem”.

Vital Siqueira, que encarna a personagem Comadre Pitú nas reportagens culturais do programa Resumo do Dia, comandado por Roberto França, acredita que a realização do II Circuito de Festival de Teatro é de suma importância para o fortalecimento do movimento teatral no Estado. Segundo ele, já tivemos no passado movimentos como este, lembrando os antigos festivais da Federação Mato-grossense de Teatro Amador (Femata), que promovia o intercâmbio capital-interior.

Comadre Pitú diz que o movimento teatral está multifacetado e ao mesmo tempo muito fragmentado – com várias coisas acontecendo porém isoladamente. “Acho que essa ideia de juntar todos os festivais dá estrutura melhor e uma difusão maior, pois nós precisamos de formação de público, formação de elenco”.

O ator e doutor em história, Ivan Belém, diz que como uma pessoa de teatro, avalia como extremamente positiva a realização do Circuito de Festivais de Teatro. “É um evento para estarmos comemorando. Porém acredito que se deve preservar as diversidades de linguagens”, afirma.

Números - Segundo dados da SEC, no ano passado o Circuito movimentou o segmento das artes cênicas com números surpreendentes para a primeira edição de um evento até então inédito em Mato Grosso.

Foram 82 apresentações, sete palestras e rodas de conversas, um workshop, uma oficina, um cortejo cênico e duas demonstrações de trabalhos. O processo envolveu mais de 500 profissionais do setor artístico/cultural, alcançando cerca de 50 mil espectadores, movimentando a cena cultural nos municípios sede dos festivais e naqueles circunvizinhos. Dentro da programação, circularam pelo estado grupos de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Santa Catarina e Paraná, além dos grupos locais da Capital e do interior. Atores, diretores e grupos do exterior como o Odin Teatret, da Dinamarca, integraram a programação.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Circuito de Festivais de Teatro de MT promove intercâmbio internacional

Circuito de Festivais de Teatro funciona como uma vitrine dentro do Brasil e também no exterior.


Marianna Marimon

Uma voz narra uma história e se sobrepõe ao murmurinho que toma conta do salão do Cine Teatro de Cuiabá. É o teatro que transforma tudo por onde passa. A performance fez parte do lançamento da segunda edição do Circuito de Festivais de Teatro nesta terça (9). Este ano, sete festivais acontecem de outubro a dezembro.

Cuiabá, municípios da Baixada Cuiabana, Primavera do Leste, Alta Floresta, Campo Novo do Parecis e Chapada dos Guimarães serão palco do circuito. A programação é finalizada pela organização de cada festival, já que todos possuem autonomia para manter a identidade do trabalho que realizam no Estado.

A Mostra Internacional de Teatro Infantil (MITI), o 8º Humor de Mato Grosso, X Festival de Teatro Velha Joana, 7º Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense, 15ºV Festival de Teatro de Campo Novo do Parecis, 3º Festival Zé Bolo Flô de Teatro de Rua e a 8ª edição do Encontros Possíveis – Núcleo de Pesquisas Teatrais integram esta rede que começou a ser formada em 2015 e se consolida neste ano.

Da Cia Pessoal de Teatro, Juliana Capilé ressalta a importância da união entre os organizadores e os grupos que promovem os festivais de teatro em Mato Grosso, afinal, é através da integração que somam juntos com a criação Circuito. “Cada um contribui com o outro. E as cidades acabam se transformando em polos teatrais. Todos os grupos de teatro que trabalham aqui acabam de conectando”, explica.

Desde 1988 em atuação com o Grupo Experimental de Alta Floresta, Ronaldo Adriano acredita que esta resistência de 27 anos movimenta as artes cênicas no município com o apoio da população, que recebe de braços abertos o Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense que chega a sua 7ª edição. “O Circuito é um trabalho que vem coroar uma história do teatro de Mato Grosso, potencializa e muito a abrangência nesse festival, fortalece o trabalho de grupo e aumenta a possibilidade de relações com todos os grupos do Estado e de outros lugares. É muito interessante, recebemos propostas de grupos de várias partes do país, querem ir para Alta Floresta e fomos contatados por um grupo de Portugal que estará no Brasil no segundo semestre querendo saber como participar”, revela Ronaldo.

Com isso, o Circuito de Festivais de Teatro funciona como uma vitrine para além do Estado e até para fora do país e promove um intercâmbio entre os grupos de artes cênicas, esta troca é essencial para a renovação, aprimoramento, distribuição, fomento.

O secretário estadual de Cultura Leandro Carvalho afirma que não há como mensurar os ganhos imateriais de um Circuito de Festivais de Teatro, com espetáculos em praças públicas, com famílias conhecendo as artes cênicas. “A criação do circuito tem como objetivo a criação de uma rede para que recursos públicos sejam otimizados, e espetáculos possam atingir um maior número de pessoas. Além disso, existe o intercâmbio entre os próprios grupos, funciona como uma plataforma de circulação para os próprios grupos”, apontou.

Os municípios não recebem apenas os espetáculos, mas também iniciativas de formação. Leandro Carvalho explica que enquanto os profissionais estão se preparando para apresentação do espetáculo, também trabalham com a formação da nova geração que irá atuar nas artes cênicas mato-grossenses.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Para refletir!


Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas.

Confúcio

Circuito de Festivais de Teatro de Mato Grosso chega à segunda edição

Cerimônia de lançamento acontece nesta terça-feira (09) no Cine Teatro Cuiabá, e é aberta ao público.


Angélica Moraes | SEC-MT

Valorizar as artes cênicas no estado, incentivar a integração entre grupos teatrais regionais, fomentar a interiorização do acesso aos bens culturais, ampliar e formar novas plateias estão entre os objetivos do Circuito de Festivais de Teatro de Mato Grosso, iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT), que chega à segunda edição. O lançamento ocorre na terça-feira (09.08), no Cine Teatro Cuiabá, às 20h, com a presença do governador Pedro Taques, do secretário de Estado de Cultura, Leandro Carvalho, artistas, diretores, produtores, grupos e admiradores das artes cênicas e da cultura em geral.

Na ocasião, será divulgada a programação dos sete festivais que integram esta segunda edição e haverá ainda a apresentação da peça Cidade dos Outros, com a Cia Pessoal de Teatro.

“O Circuito de Festivais de Teatro está em consonância com o Plano Estadual de Cultura, que visa fortalecer e descentralizar as políticas públicas de cultura, atingindo diversas regiões do estado. Além disso, ele propicia um intercâmbio entre a arte e a cultura em todo o território regional, bem como com outros estados brasileiros e até mesmo com outros países”, explica Leandro Carvalho.

A primeira edição envolveu quatro festivais, que ocorreram em Cuiabá e em municípios do interior. São eles: Festival de Teatro Velha Joana, em Primavera do Leste; Festival de Teatro de Campo Novo do Parecis (Femute); Festival Zé Bolo Flô de Teatro de Rua, em Cuiabá; e o Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense, em Alta Floresta, onde foi realizado também o Seminário Internacional de Teatro Contemporâneo – Núcleo de Pesquisas Teatrais Encontros Possíveis, pela Cia Pessoal de Teatro.

Nesta nova edição o Circuito amplia o número de festivais participantes e contará com a Mostra Internacional de Teatro Infantil (Miti) e o Humor do Mato, somando assim sete eventos que irão movimentar as artes cênicas em todo o estado ao longo dos próximos meses.

Além das apresentações dos espetáculos nos mais diversos formatos e voltados para públicos variados, estão previstas no II Circuito ações de formação, com a realização de debates, workshops, palestras e rodas de conversas. Mais que valorizar os grupos locais, o Circuito vai fortalecer a cadeia de produtores que movimentam o panorama das artes em Mato Grosso.

Vale ressaltar que os festivais envolvidos no Circuito já estão consolidados no calendário de eventos com foco nas artes cênicas. O Femute, por exemplo, vai realizar sua 15ª edição este ano, enquanto o Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense está na sexta edição. Já o Seminário chega à oitava edição e o Velha Joana comemora a 10 ª edição em 2016.

Números

No ano passado o Circuito movimentou o segmento das artes cênicas com números surpreendentes para a primeira edição de um evento até então inédito em Mato Grosso. Foram 82 apresentações, sete palestras e rodas de conversas, um workshop, uma oficina, um cortejo cênico e duas demonstrações de trabalhos. O processo envolveu mais de 500 profissionais do setor artístico/cultural, alcançando cerca de 50 mil espectadores, movimentando a cena cultural nos municípios sede dos festivais e naqueles circunvizinhos. Dentro da programação, circularam pelo estado grupos de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Santa Catarina e Paraná, além dos grupos locais da Capital e do interior. Atores, diretores e grupos do exterior como o Odin Teatret, da Dinamarca, integraram a programação.

“A participação do Encontros Possíveis no Circuito é fundamental. É a porção capacitação, é parar e pensar sobre teatro. Ele promove o encontro não só de quem faz teatro em Mato Grosso com referências internacionais, mas de grupos que se encontram e podem debater o que a gente faz. O Circuito transforma tudo isso em uma única rede”, observa a atriz Juliana Capilé, da Cia Pessoal de Teatro.

Além das artes cênicas, a circulação de grupos de teatros por diversos municípios movimenta outro segmento. “Com o Circuito fortalecemos um mercado com grande potencial de desenvolvimento, tanto artístico como turístico, promovendo a criação de redes colaborativas entre os diversos grupos atuantes no estado e fora dele”, ressalta o secretário de Cultura.

Para o ator e diretor do Grupo Tibanaré e coordenador do Festival Zé Bolo Flô de Teatro de Rua, Jefferson Jarcem, o Circuito de Festivais abraçou as potencialidades existentes de cada grupo participante. “O Tibanaré tem uma relação significativa com a arte de rua e, como objetivo, proporcionar um evento que provoque encontros, experiências, celebrações e que os artistas toquem as mãos do público de forma a interagir, integrar e se aproximar do espectador, diminuindo a distância entre ambos e democratizando o acesso ao teatro”, afirma.

Jarcem diz que as expectativas para esta segunda edição são as melhores. “Precisamos acreditar nos artistas de nossa terra. Somos experientes, potentes e criativos, respiramos nosso ofício, entendemos a realidade que existe em nosso estado. Viva o teatro de Mato Grosso”.

sábado, 6 de agosto de 2016

Para refletir!


A vontade de verdade ainda nos há de arrastar para muitas aventuras, essa célebre veracidade de que todos os filósofos falaram até os dias de hoje com veneração.

Friedrich Nietzsche