JOÃO BOSQUO - Da Reportagem
Cuiabá está vivendo, sei lá, um clima de deserto. À noite ameaça um friozinho, de manhã, meio que venta, segue-se um calorzão danado. Pois nesse clima que acontece a programação da enésima reinauguração do Cine Teatro Cuiabá. Uma programação que, felizmente, surpreende pela multiplicidade de atrações. Na última terça-feira, 9 de agosto, foi aconteceu a solenidade de lançamento do II Circuito de Festivais de Teatro de Mato Grosso.
O secretário de cultura de Mato Grosso, Leandro Carvalho, destaca que este II Circuito de Festivais de Teatro, neste ano, agrega 7 (disse sete) festivais de diversas regiões do Estado, com diferentes perfis, com a liberdade artística, cada qual com sua própria direção e mantendo sua identidade.
O objetivo do circuito, segundo o secretário, é a criação de uma rede para que os recursos públicos sejam otimizados e que espetáculos que vem de outros estados, ou mesmo de outros países, possam alcançar o maior número de pessoas e circular num numero maior de municípios. Ele disse que além do intercambio com outros estados, o Circuito vai possibilitar o intercâmbio entre os próprios grupos participantes dos diversos festivais, dentro de uma plataforma dos próprios grupos.
Eduardo Espindola, responsável pelo Miti –Mostra Internacional de Teatro Infantil, avalia que o Circuito de Festivais de Teatro é uma iniciativa inovadora. “É um modelo de projeto que não se vê em nenhum lugar. Nem nos maiores centros, onde o polo industrial das artes cênicas funciona, existe algo dessa substância, apadrinhado pelo poder público”.
O envolvimento de grupos teatrais, que produzem festivais e esses grupos juntos num mesmo circuito, é pioneiro.
Vanderlei César Guollo, o Van César, do Teatro Ogan de Campo Novo do Parecis, um dos mais antigos do Estado e em plena atividade, acredita que o Circuito de Festivais de Teatro veio reconhecer os festivais que já estão há muitos anos sendo realizados e que movimentam a cena cultural mato-grossense. “O Circuito vai dar uma força para esses festivais e principalmente vai colocar esses festivais para se conversarem”.
Vital Siqueira, que encarna a personagem Comadre Pitú nas reportagens culturais do programa Resumo do Dia, comandado por Roberto França, acredita que a realização do II Circuito de Festival de Teatro é de suma importância para o fortalecimento do movimento teatral no Estado. Segundo ele, já tivemos no passado movimentos como este, lembrando os antigos festivais da Federação Mato-grossense de Teatro Amador (Femata), que promovia o intercâmbio capital-interior.
Comadre Pitú diz que o movimento teatral está multifacetado e ao mesmo tempo muito fragmentado – com várias coisas acontecendo porém isoladamente. “Acho que essa ideia de juntar todos os festivais dá estrutura melhor e uma difusão maior, pois nós precisamos de formação de público, formação de elenco”.
O ator e doutor em história, Ivan Belém, diz que como uma pessoa de teatro, avalia como extremamente positiva a realização do Circuito de Festivais de Teatro. “É um evento para estarmos comemorando. Porém acredito que se deve preservar as diversidades de linguagens”, afirma.
Números - Segundo dados da SEC, no ano passado o Circuito movimentou o segmento das artes cênicas com números surpreendentes para a primeira edição de um evento até então inédito em Mato Grosso.
Foram 82 apresentações, sete palestras e rodas de conversas, um workshop, uma oficina, um cortejo cênico e duas demonstrações de trabalhos. O processo envolveu mais de 500 profissionais do setor artístico/cultural, alcançando cerca de 50 mil espectadores, movimentando a cena cultural nos municípios sede dos festivais e naqueles circunvizinhos. Dentro da programação, circularam pelo estado grupos de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Santa Catarina e Paraná, além dos grupos locais da Capital e do interior. Atores, diretores e grupos do exterior como o Odin Teatret, da Dinamarca, integraram a programação.
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