Morador antigo da cidade, vivendo de favores numa casa cedida pelo Centro Espírita Aprendizes do Evangelho, "seo Luiz" foi aposentado recentemente com ajuda da Defensoria Pública.
No registro de nascimento consta que Luiz Carbone nasceu em 06 de setembro de 1938, tinha portanto 72 anos, mas ninguém sabe ao certo sua idade. Moradores foram chamados como testemunhas e, juntamente com a Justiça, fizeram seus documentos e "calcularam" sua idade para fins de aposentadoria.
Algumas de suas histórias são conhecidas por Alverino Guollo, que sempre acompanhou e apoiou o "seo Luiz". Segundo o mesmo, o "velho do saco" já trabalhou em garimpo, chegando a ganhar muito dinheiro com dragas. Chegou mesmo a ter seis delas. O dinheiro ganho? Gasto todo com festas e mulheres, segundo "seo Luiz" narrou.
Atrevo-me a dizer que cada cidade tem seu "velho do saco" - Van César
Por que "velho do saco"?
Cada cidade tem seus loucos e seus bêbados, que juntamente com o "velho do saco", são figuras conhecidas de praticamente todos os moradores, principalmente das crianças.
Derivada dos mendigos que permeiam todas as cidades, narra essa lenda que um velho malvestido, e com um enorme saco de pano nas costas, anda pela cidade levando embora as crianças que fazem "arte".
Em algumas versões, o velho é retratado realmente como um mendigo, outras ainda o apresentam como um cigano, dependendo da região do país onde ela é contada. Há ainda versões mais detalhadas (entendam como cruéis) em que o velho (mendigo ou cigano) leva a criança para sua casa e lá faz sabonetes e botões com elas.
"Seo Luiz", antes da aposentadoria, vivia catando latinhas com um saco de ráfia, todo sujo, de chinelo de dedo nos pés e seu cigarro de palha na boca. Figura simpática, de andar característico, usada por mães para amendrontar crianças desobedientes: "não faça isso senão o 'velho do saco' te pega". Pudessem os perigos do mundo serem apenas do tamanho da simplicidade e simpatia de "seo Luiz".
"Seo Luiz", os poucos amigos e conhecidos sentem sua partida. E nós prestamos nossa homenagem a essa que é uma das "figuras folclóricas" de Campo Novo do Parecis.
Por Van César
Da série: Figuras folclóricas de Campo Novo do Parecis.
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