terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cultura além do consagrado

O Brasil mudou e mudou também a forma de ver e fomentar a cultura, incluindo aí tudo que se produz, desde o artesanato até os grupos tradicionais de forró, passando pela união de forças entre descendentes de quilombolas e pomeranos no Sul do país.


Em Janduis (RN) ponto de cultura “Em Cena Ação” durante espetáculo

Falar sobre Pontos de Cultura – capítulo importante do programa Cultura Viva do Ministério da Cultura – sempre rende conversas longas, relatos variados e conclusões diversas, mas há um consenso: a experiência pode mesmo fomentar o que já existe e estimular o surgimento de variadas formas de expressão cultural do Brasil.

De 2003 a 2009, foram 7 mil projetos financiados em mais de duzentos editais públicos – que antes não existiam. É nesse contexto que nasce o programa e os pontos, tendo como pano de fundo a diminuição da segregação social no país, multiplicando os espaços e as chances reais de milhões de pessoas.

Condição para ser um ponto de cultura é estar em rede, afim de trocar informações, experiências e realizações. Segundo as regras publicadas no site do Ministéro da Cultura (MinC), organizações e entidades interessadas “devem solicitar a criação da rede de Pontos de Cultura ao MinC, indicando o número de pontos a serem selecionados (uma rede é constituída por, no mínimo, quatro Pontos) e dispor de contrapartida financeira mínima de um terço do valor total do convênio a ser firmado”.
Mas o ponto não tem um modelo único, nem exige instalações físicas, programação ou atividade. Um aspecto comum a todos é a transversalidade da cultura e a gestão compartilhada entre poder público e comunidade.

A diversidade brasileira

Os exemplos são variados, já existe bibliografia sobre o tema, que também é objeto de teses acadêmicas. O programa possibilitou, em um dos exemplos mais citados, Vídeo nas Aldeias, o desenvolvimento de um projeto de inclusão digital de aldeias indígenas. Instituído desde 2005, esse ponto conseguiu colaborar com a formação de cineastas, roteiristas, diretores e editores índios. “O índio na frente e atrás das câmeras”, explica Vincent Carelli, realizador desta ação. É a continuidade da cultura tradicional por meio da utilização de técnicas e ferramentas digitais.


Crianças indígenas participam da Teia Cultural, em Brasília. Pontos como forma de manter a cultura tradicional

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou os Pontos de Cultura como “espaços permanentes de experimentação, encanto, transformação e magia”. São produtores de conhecimento, do moderno ao tradicional, englobando tudo que se possa alocar debaixo do guarda chuva da diversidade.
Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, falava que os pontos eram “uma espécie de ‘do-in’ antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do país”.

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