domingo, 20 de março de 2011

"Amure" e a Véia Péia, mágica contadora de histórias

Hoje comemoramos nosso dia, o Dia do Contador de Histórias. E é um prazer ser chamado assim. Meu nome é Van César, professor, graduado em Artes com Habilitação em Artes Plásticas e especialista em Literatura Infanto Juvenil e Ensino. Minha monografia de especialização foi na área do conto, especialmente o conto maravilhoso e o conto de fadas.

"Amure", espetáculo selecionado no Edital Microprojetos na Amazônia Legal

Assim como eu, o Teatro Ogan e o Ponto de Cultura Ninho do Sol têm um carinho especial por esses mágicos profissionais que encantam a todos com seu "carregamento de histórias", como bem disse Marina Colasanti em seu conto "Com sua voz de mulher", já postado neste blog.

Algumas boas experiências com a contação de histórias fazem parte do histórico do Teatro Ogan, a exemplo de "Feiurinha para Crianças", de Pedro Bandeira, espetáculo premiado em vários festivais no Estado.

Outras experiências foram os contos "Cinco ciprestes vezes dois" também de Marina Colasanti e recentemente o conto "O Baú das Histórias" de Gail E. Haley, narrado na primeira edição do Programa Balaco Baco, uma iniciativa do Ponto de Cultura Ninho do Sol, apresentado na Rádio Liberdade FM, que vai ao ar sempre aos sábados, das 11h30 às 13h.

A mais recente experiência do Teatro Ogan tem sido a montagem do espetáculo "Amure", em contação de histórias, que será apresentado no Fringe 2011 nos próximos dias 07 a 10 de abril, um evento que faz parte do Festival de Teatro de Curitiba (FTC), no Paraná.

A Véia Péia, que dá nome a um dos abrigos arqueológicos no Rio do Sangue

Sobre "Amure"

O espetáculo traz uma contadora de histórias, a Véia Péia, personagem que narra as lendas e mitos dos Paresí-Haliti através da história de Toni, um jovem indígena que tem a missão de resgatar os valores culturais de seu povo, numa viagem em busca de seu passado imemorial.

Nas palavras da Véia Péia:

'Venho de muito longe, minha criança
Venho da noite do tempo!
Meu destino é aqui e lá

Minha sina é vento
Meu lamento é canção
Meu alimento é um pedaço de biju
Oferecido por um dócil viajante
Com amor no coração

Venho de muito longe, minha criança
Para contar minha história até onde ela se tornou nossa.
Vou contar a história do meu povo, o dócil povo Haliti
Uma história dos índios Paresí que habitam o Chapadão inóspito e triste
Que habitam uma terra que foi chamada a muito tempo de Serra do Norte.

Contam os mais velhos que antigamente não existia ninguém, só Enorê...'


Assim começa uma viagem pelas mazelas que o povo Haliti passou, desde os dias atuais, a colonização, as Missões jesuíticas, a nova Marcha para o Oeste promovida por Mal. Rondon e o contato com os primeiros bandeirantes.

E essa velha conduzirá a todos nessa viagem, falando da beleza da Terra dos Parecis, rumo ao passado mítico, até o dia da criação do mundo na região de Ponte de Pedra, para ao fim revelar quem ela é.

E ela encerra as histórias:

'Você está ouvindo? É o som das flautas sagradas, que guardam a linguagem das serpentes, na Casa da Jararaca. Já está amanhecendo, e elas logo vão parar de tocar... É minha hora de partir!'

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