Enquanto alguns setores culturais reclamam dos atrasos no repasse de recursos para projetos devidamente aprovados no Conselho Estadual de Cultura, algumas Organizações Não Governamentais (ONGs) vêm sendo contempladas com contratos milionários.
Três delas, que inclusive têm como representantes um único grupo, por exemplo, movimentaram nestes últimos dois anos cerca de R$5 milhões de recursos públicos destinados aos mais variados tipos de ações culturais. São elas: Associação das Artes Comunicação e Cultura de Mato Grosso (Acenica), Associação dos Produtores Culturais de Mato Grosso e Associação Casa dos Guimarães.
Juntas, estas entidades, de acordo com o sistema Fiplan – Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças do Governo do Estado, teriam recebido R$4,7 milhões entre 2011 e 2012 das secretarias estaduais de Cultura e Turismo.
Pesquisando no Diário Oficial e no sistema Fiplan, o Circuito Mato Grosso conseguiu apurar que somente no dia 28 de junho de 2012 foram publicamos dois extratos de contratos da Secretaria Estadual de Cultura com a Acenica (R$220 mil para gravação do DVD Pantanal de MT e R$237.884,00 para a Caravana Cantando por MT) e dois com a Associação dos Produtores Culturais de Mato Grosso (R$330 mil para a 21ª Festa de São Cristóvão e R$560 mil para o 1º Encontro do Agronegócio) e que totalizam R$1.287.884,06. O detalhe é que a Acenica é assinada por Carlos Eduardo dos Santos Espíndola e a Associação dos Produtores por sua esposa, Viviene Lozi Rodrigues.
André D'Lucca critica repasses do governo e demora na liberação dos recursos.
A terceira entidade, a Associação Casa dos Guimarães, que tem como diretor financeiro o mesmo Carlos Eduardo dos Santos Espíndola, sozinha já foi contemplada com inúmeros contratos nestes últimos dois anos e que somam R$3.381.630,50 já liquidados, segundo o Fiplan. A entidade é a gestora do Museu de Arte Sacra, cuja diretora é a própria Viviene Lozi Rodrigues.
Os representantes citados das instituições acima foram procurados pela reportagem, para esclarecimentos sobre os valores, como estrutura da empresa e aplicação dos recursos. Viviane Lozi informou que não poderia responder pela Casa de Guimarães e reclamou dos parcos recursos que estariam chegando ao Museu de Arte Sacra. Eduardo Espíndola confirmou, pelo telefone, que é responsável pelas três ONGs, solicitou do Circuito Mato Grosso o envio dos questionamentos por e-mail, mas não respondeu a mensagem até o fechamento desta edição.
Já o ex-secretário de Cultura João Malheiros, eleito vice-prefeito de Cuiabá, e que assinou os contratos com as três entidades, foi contatado através de sua assessoria de imprensa, mas também não deu retorno.
Outra situação bastante conflitante são repasses realizados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo para a realização de encontros do Agronegócio e da Indústria. Somente para o 1º Encontro do Agronegócio a secretaria disponibilizou, através do convênio 062/2012 vigência 01/06 a 30/08, o valor de R$500 mil.
Confira matéria na íntegra.
Mayla Miranda – Da Redação
Fotos: Pedro Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário