quarta-feira, 28 de março de 2012
Grupos de todo o país comemoram o Dia Internacional do Teatro solicitando políticas públicas culturais
No Dia Internacional do Teatro alguns grupos optam por comemorar a data de uma forma diferente. Mais de 60 grupos teatrais espalhados por todos os Estados do país estão encaminhando, simultaneamente, aos seus secretários de Cultura municipais e estaduais, deputados, prefeitos, etc uma carta-manifesto e um vídeo produzido coletivamente. Reunidos, formam o Redemoinho – Movimento Brasileiro de Teatro de Grupos. Entre as pautas contidas na carta-manifesto estão o Prêmio do Teatro Brasileiro e a cobrança por uma política pública de cultura verdadeiramente voltada para a população. Aborda também o pagamento imediato dos editais lançados em 2011 pela Funarte e Ministério da Cultura, e, no caso de Mato Grosso, pelo pagamento dos projetos aprovados pela Lei Estadual de Apoio e Incentivo à Cultura.
Desde a sua criação em 2004, o Redemoinho luta por leis de incentivo à cultura que não passem pelo crivo do “Incentivo fiscal”. O principal deles é o Prêmio do Teatro Brasileiro, que foi construído com grande parte da classe teatral do país e que atualmente, o projeto de lei, encontra-se na Câmara Federal, aguardando para aprovação na Comissão de Constituição e Justiça.
Em Mato Grosso, o Teatro Experimental de Alta Floresta (TEAF) está participando ativamente do Movimento Redemoinho e estendendo o convite a outras companhias. “Os grupos que integram o Movimento de Teatro de Mato Grosso demonstraram interessem em participar e já começam suas articulações junto com o Redemoinho”, afirma Elenor Cecon, ator e membro do TEAF.
Para o Movimento a Cultura é uma construção coletiva, que se projetando na história almeja entender a Arte, e em particular o Teatro, como um bem simbólico localizado no tempo e no espaço e ainda, que as criações como um pensamento em construção objetiva a constituição de uma sociedade humanista.
A Cultura esvaziada de pensamento, estruturada pela visão política que tem no marketing o seu fundamento, é o que alimenta na sociedade a competição, a concentração de renda, o preconceito, a privação dos direitos elementares do cidadão e a manutenção do status quo.
O Redemoinho compreende que não compete à Arte dar o pão e que não adianta forjar pseudo-inclusões sociais através de políticas públicas que acreditam propiciar a inclusão e a contenção da insatisfação social. À Arte compete apontar para além dos limites impostos pela dura realidade, na tentativa de buscar novos caminhos para a política e para o homem.
Sob esse olhar, o Movimento entende que a Cultura é uma questão prioritária do Estado por fundamentar o exercício crítico da cidadania na construção de uma sociedade democrática. Há anos, diversos grupos se companhias de teatro vêm desenvolvendo trabalhos que visam tecer novas relações sociais e humanas entre a arte e a sociedade.
O manifesto organizado neste dia 27 de Março é uma das ações que o Redemoinho executará durante este ano de 2012. Um dos mais importantes será o VI Encontro Nacional do Redemoinho, que será realizado em Alta Floresta/MT, entre os dias 13 e 15 de agosto. O Teatro Experimental de Alta Floresta é quem encabeça a produção deste evento, que contará com a participação de representantes de Teatro de Grupos de todo o país, além de convidados.
Para os integrantes do Teatro Experimental de Alta Floresta que tem participado das discussões em nível nacional e que são os responsáveis pela organização do Encontro Nacional, já passou do momento do teatro ser entendido como um espaço de elaboração, na esfera do simbólico, sobretudo pela experiência de vivermos numa sociedade em que acultura é mercadoria a serviço da dominação. Isso exige, por parte do Estado, o reconhecimento do direito à cultura como exercício crítico da cidadania, ou seja, a negação dos valores da concorrência, da acumulação ou concentração de renda, do preconceito e da exclusão.
Em Mato Grosso a situação não é muito diferente do resto do país. Constantemente, os órgãos responsáveis pela cultura sofrem ataques sistemáticos quando se pensa em corte de gastos, ou seja, a cultura não é encarada como um direito constitucional e dever do estado. O TEAF acredita que o Encontro Nacional no Mato Grosso possa impregnar a sociedade do espírito de luta pela cultura como direito.
“Os grupos de Teatro para produzir têm que dispender um esforço enorme e os espaços para mostrar estes trabalhos são mínimos, tanto em suas cidades quanto na circulação. Por exemplo, MT possuía penas 2 festivais nacionais de teatro, 1 na capital e outro aqui em Alta Floresta. Muito raramente os grupos circulam dentro do estado e isto está diretamente relacionado à falta de incentivo e de mecanismos legais que propiciam o fortalecimento da classe”, aponta Elenor Cecon. “Infelizmente podemos dizer que os direitos culturais assegurados constitucionalmente, tanto dos artistas quanto do público, não estão sendo atendidos em nenhuma das esferas”, complementa.
Fonte: Ariane Laura - Diário de Cuiabá
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