Olhando as crianças maltrapilhas que perambulam sem rumo, pelas ruas das grandes cidades, ficamos a imaginar qual será a mensagem que seus olhos tristes e melancólicos trazem aos homens. Se pudéssemos registrar seus apelos, talvez ouvíssemos seus gritos silenciosos a nos dizer:
Construíste palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao relento porque me faltam recursos para pagar a hospedagem, é possível que a noite me enregele de frio.
Multiplicaste os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprios tesouros; contudo, se me negas lugar à mesa, porque eu não tenho dinheiro a fim de pagar o pão, receio morrer de fome.
Levantaste universidades maravilhosas, mas, se me fechas a porta da educação, porque eu não possuo uma chave de ouro, temo abraçar o crime sem perceber.
Criaste hospitais gigantescos; no entanto, se não me defendes contra as garras da enfermidade, porque eu não te apresento uma ficha de crédito, descerei bem cedo ao torvelinho da morte.
Proclamas o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para comigo, porque eu te aborreço, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do mal, como ave desprevenida no laço do caçador.
Dizes que eu sou o futuro. Não me desampare no presente.
Dizes que sou a esperança da paz. Não me induzas à guerra.
Dizes que eu sou a promessa do bem. Não me confies ao mal.
Não espero somente o teu pão. Dá-me luz e entendimento.
Não te rogo apenas brinquedos. Peço-te bons exemplos e boas palavras.
Não sou simples folha seca rolando ao vento. Sou alguém que te bate à porta em nome de Deus.
Em nome de Deus, que dizes amar, compadece-te de mim!...
Ensina-me o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo...
Ajuda-me hoje para que eu te ajude amanhã.
Não te peço o máximo que alguém talvez te venha a solicitar em meu benefício...
Rogo apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender.
* * *
Cada criança que nasce é uma estrela que brilha sobre a face da terra para que seja amparada pelas nossas mãos. Não permitamos que essas frágeis estrelas se apaguem por falta de cuidados.
Pense nisso...!
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