Artista e público amontoados
Mais de 700 pessoas num espaço improvisado
Um barracão, cedido pela Associação de Moradores do Bairro Nossa Senhora Aparecida, sem conforto, iluminação e palco adequados é o que se via. Enquanto isso, cerca de 700 pessoas se amontoavam, algumas sentadas (em cadeiras ou no chão) outras em pé, para assistir às apresentações de dança, música e capoeira.
Artista e público amontoados
Mais de 700 pessoas num espaço improvisado
Os espaços físicos da cidade, além de limitados, não comportam mais os eventos. O Auditório do Fórum, o mais adequado, tem lugar para 250 pessoas e também fica abarrotado, tornando quase impossível ao público assistir ao que se passa no palco. A área cultural talvez não receba o devido tratamento. Os investimentos no setor são mínimos. Mesmo assim, um grupo de pessoas se desdobra para não deixar o barco afundar.
Juntos, o Departamento de Cultura e o Ponto de Cultura Ninho do Sol atendem quase duas mil crianças, adolescentes e adultos em oficinas, o que corresponde a aproximadamente 10% da população local. Se considerarmos outros projetos, associações e demais agremiações de artistas percebemos que esse número quase duplica.
Será que essa parcela da população não tem importância? Se considerarmos o tripé no qual estas entidades desenvolvem suas atividades (socioeconômico, socioeducativo e sociocultural) percebemos que a relevância é alta e que os investimentos devem ser mútuos.
O tal espaço onde funciona o Centro Cultural foi cedido à Prefeitura Municipal pela Comunidade do Bairro Nossa Senhora Aparecida ainda no governo Stefanello através de convênio. Como contrapartida o prédio receberia benfeitorias anuais e isso pouco tem acontecido.
Os últimos grandes investimentos ocorreram ainda em 2008. Desde então, o local passou apenas por uma pintura e recebeu postes de iluminação externa. No mais, o espaço está tal como foi repassado à Prefeitura Municipal, há cinco anos.
O barracão que falei a pouco se resume a uma estrutura pré-moldada com cobertura e paredes pela metade, sendo impossível, em noites de frio ou chuva, a realização de eventos. Há também um palco inacabado, usado como depósito de materiais, e dois banheiros em condições precárias.
Um projeto de 2007 previa adequações no local, como ajustamento e conclusão do palco, término da edificação das paredes e a construção de sanitários apropriados para atender funcionários, arte educandos e público. Este projeto se perdeu ou ficou apenas no papel.
Existem promessas de construção de um espaço mais esmerado para a classe artística local fazer suas manifestações culturais, entretanto, o que se sabe de concreto é que será construído um palco na Praça 04 de Julho, porém, este será em local aberto e não atenderá a todas as demandas.
Enquanto isso, continuaremos a assistir em pé nossas crianças se apresentando em palcos improvisados em locais inadequados. Sim, continuaremos, pois estamos acostumados com as migalhas que nos são dadas.
Alexandre Rolim é presidente
do Conselho Municipal de Política Cultural
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