Fotografia de urna mortal dos Paresí-Haliti tirada em1922
Arquivo do Museu do Índio/Rio de Janeiro-RJ
Contam os mais velhos que após a morte os Paresí-Haliti eram enterrados em suas casas com os seus pertences (outras informações dão conta de que os cadáveres eram encerrados em urnas de barro antes de enterrados). O mito que narram sobre a morte conta que quando há um falecimento na aldeia, o espírito do morto vai ao encontro de Zoetete, que o leva à aldeia dos mortos.
De acordo com os anciãos, Zoetete eram dois homens que depois de velhos se transformaram em seres diferentes e místicos (Pajés). Eles podiam ver os deuses (Enoré) e tinham a capacidade de curar as pessoas tirando o feitiço que causavam suas doenças.
Em seu caminho para a aldeia dos mortos o espírito do morto deve atravessar uma pinguela de cobra sucuri, enquanto Zoetete espera do outro lado do córrego.
Se o espírito tiver feito muita coisa ruim durante a vida, ao atravessar a pinguela, a sucuri se mexe e ele tem de retornar para a margem do córrego. Se isso acontecer o Zoetete terá que atear fogo no espírito para as coisas ruins irem embora, e então ele atravessará a pinguela e a sucuri não se mexerá e Zoetete o levará para a aldeia dos mortos.
A aldeia dos mortos é uma réplica da aldeia dos vivos diferenciando-se apenas no fato de que lá estão suspensas as proibições do incesto.
Cada grupo Paresí-Haliti tem um lugar próprio na terra, uma aldeia para a morada depois da morte. Os Wáimare vão para um lugar denominado Zolohoiaka e os Kazárini vão para um outro lugar chamado Kalokaré.
Quando chega à aldeia dos mortos o espírito vira um Halíti de novo e ganha uma família igualzinha a que tinha antes de morrer. Deve ficar recluso dentro da casa e os Halíti lhe darão remédios e comida até que ele fique curado da doença que o matou.
Depois ele poderá se casar com quem quiser, fazer roça e pescar.
Da Série Lendas e Mitos Paresí-Haliti
É Cultura? Tá no Ponto!
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