A formação de grupos teatrais amadores em Cuiabá e noutras cidades, na década de 70, assinala um momento histórico importante do teatro mato-grossense. Esse movimento foi impulsionado com a fundação da Federação Mato-grossense de Teatro Amador - FEMATA, ocorrida a 21 de janeiro de 1978, filiada à Confederação Nacional de Teatro Amador - CONFENATA.
A Femata, com o apoio da Prefeitura Municipal da Capital e do Serviço Nacional de Teatro - SNT, promoveu, em Cuiabá, a I e II Mostra do Teatro Amador, nos anos de 1978 e 1979, tendo ainda a municipalidade patrocinado o "I Circuito de Teatro Amador", que constou de exibições em diversos bairros da cidade. Em 1982, existia em Cuiabá, filiados à FEMATA, dez grupos teatrais, a maioria com personalidade jurídica e perfeitamente estruturados: Grupo Sesi Aquarius; Grupo Selva de Teatro; Grupo Teatral Gambiarra; Grupo Pantanal de Teatro; Grupo Teatral Aruanã; Grupo Teatral Carrossel; Grupo Teatral Moliére; Grupo Teatral do SESC; Grupo Teatral Dinâmico e Grupo Terra de Teatro Amador. Além desses, existiam, no interior do Estado, os seguintes grupos: Grupo Teatral de Tangará da Serra - Grutta -, o Grupo Becker de Teatro da cidade de Barra do Garças, O Grupo de Teatro Amador de Rondonópolis e o Grupo Teatral Professora Maria Lacerda da cidade de Santo Antônio do Leverger.
A maioria desses grupos encenaram peças de jovens autores mato-grossenses, os quais muitas vezes participaram também do elenco apresentador. Dentre elas, podemos citar "Amanhã vou embora bem longe" (peça de tema indígena), de autoria de João Batista Cavalcante, do Grupo Selva; "Como dizia Sócrates", de Juercio Marques do Grupo Teatral Moliére; "Cristo Aqui", de Joilson Zeferino da Rosa do Grupo Teatral Dinâmico; "Maria", de José Amaury Pereira do Grupo Teatral de Tangará da Serra; "Eu também existo", de Luiz Thelmo do Grupo de Teatro Amador de Rondonópolis; "Rio Abaixo - Rio Acima" de Maria da Glória Albues do Grupo Terra de Teatro Amador. Esses grupos excursionaram pelas cidades do interior do Estado e mesmo fora de Mato Grosso. O Grupo Teatral da cidade de Tangará da Serra, participou, em 1979, de um festival de teatro em Campina Grande, Paraíba, encenando a peça "O Preço", ocasião em que se exibiu, também, em várias outras cidades do nordeste brasileiro. O Grupo Teatral Professora Maria Lacerda, da cidade de Santo Antônio do Leverger participou, com seu elenco de danças regionais, da "I Mostra de Cultura Popular" realizada na cidade do Rio de Janeiro, sob patrocínio do MEC-FUNARTE. O Grupo Terra de Teatro Amador, encenando a peça "Rio Abaixo - Rio Acima", que focaliza o folclore do vale do rio Cuiabá, participou do "Projeto Mambembão", promovido pelo Serviço Nacional de Teatro, tendo se exibido nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Goiânia, com as mais elogiosas referências da crítica nacional.
As atividades teatrais no Estado continuaram acontecendo, porém a federação sofreu uma grande decadência, mais acentuadamente na 2ª metade da década de 80, apesar do esforço de alguns abnegados que ainda acreditavam em sua importância no cenário cultural de Mato Grosso.
A partir de 1989, o interior do Estado foi articulado pelo então presidente da FEMATA, Amauri Borges, para participar da federação, num momento de profunda crise da entidade. Começaram então a surgir grupos de vários municípios interessados em dar continuidade na existência da FEMATA, tanto que sua diretoria executiva se instalou no interior, fora da capital. Criaram-se os pólos, sendo: Pólo Central (Cuiabá), Pólo Norte de Teatro, Pólo Noroeste, Pólo Sul, Pólo Leste e Pólo Médio Norte, considerando a grande extensão territorial do Estado.
As mostras estaduais passaram para a denominação de festivais, ficando os pólos responsabilizados de fazer mostras regionais uma vez por ano, sempre antecedendo a realização do festival. Outra deliberação importante foi a mudança do perfil dos filiados ao retirar a palavra "amador" da federação, ou seja, passando de FEMATA para FEMAT, entendendo que chegara o momento de aglutinar todos os fazedores de teatro do estado, independente de sua natureza jurídica. Com isso, as discussões, as ações e o comprometimento do movimento teatral passou a ser em torno de "TEATRO" e não nas dimensões de Teatro Amador e Teatro Profissional como era até então.
Importante ressaltar, no caso do Pólo Norte de Teatro, a partir de 1989 com a vinda da diretoria para o norte - presidência em Colíder e outros membros em Alta Floresta - uma série de encontros: seminários, fóruns, etc, foram realizados. O primeiro deles em Colíder (1989) - seminário de transmissão de cargos, ocasião em que foi elaborado um plano bienal de ação, o qual foi quase que integralmente cumprido. O presidente da gestão 89/91 era Renan Dimuriez (Colíder).
Um marco importantíssimo nesse período, aberto a fazedores de teatro de todo o estado, foi a realização de um oficinão com a duração de 10 (dez) dias (outubro/89), acontecido na Escola Rural Produtiva de Alta Floresta, distante 25 Km da sede do município. As oficinas foram ministradas por Carlos Roberto Ferreira e Luiz Carlos Ribeiro, sendo que os oficineiros ficaram diuturnamente (regime de internato) no local, cumprindo uma programação intensa de atividades. Nesse oficinão foi proferida uma brilhante e proveitosa palestra (bate-papo) por Amauri Tangará.
Nesse mesmo período iniciou-se um entrosamento eficaz e continuado do norte com alguns grupos da capital, destacando-se o Grupo Folhas que comparecia constantemente exibindo suas produções e auxiliando em oficinas e outras atividades teatrais. Lioniê Vitório e Justino Astrevo Aguiar (hoje dupla humorística Nico e Lau), Tadeu Leal, Paulinha, os técnicos Nei Cartaxo e Lourival, dentre outros, faziam parte da equipe do Folhas que se apresentava com uma certa freqüência no norte do Estado.
Pelas informações que temos, a peça teatral que mais circulou numa maior quantidade de municípios do Norte e Médio Norte nos últimos doze anos foi "Cafundó - Onde o vento faz a curva", de Amauri Tangará - autor/ator. Outro momento de fundamental importância, principalmente para o interior do Estado foi o grandioso fórum realizado em Nova Xavantina - 1991 (na época tinha lá o Grupo do Caruso que depois passou-se a chamar Grupo Teatral TRAZOM em homenagem ao dançarino Mozart que lá esteve participando do fórum e fazendo belíssima apresentação - faleceu meses após o evento).
Nesse fórum, dentre outros assuntos, discutiu-se sobre a possível criação de uma associação estadual de artistas de teatro, com a intenção de, na seqüência, ser instituído o SATED/MT; fez-se uma avaliação geral do movimento federativo da época; discutiu-se o relacionamento da FEMAT com o Estado e outras instituições; funções do Conselho Diretor da Federação; e plano de ação subsequente. A Administração Municipal de Nova Xavantina foi fundamental no apoio para a realização desse fórum, ocasião em que aconteceu também uma grande mostra teatral, no decorrer de uma (01) semana de importantes atividades.
Dando seqüência às ações e atividades da FEMAT, passaram pela presidência da federação após Renan Dimuriez: Elisa Gomes Machado - 92/94 (Alta Floresta), Agostinho Bizinoto - 94/95 (Alta Floresta), Lioniê Vitório - 95/96 (Cuiabá/Santo Antônio do Leverger), cumprindo mandato tampão e sendo eleito também para 96/98, Carlos Roberto Ferreira (Cuiabá) assumindo parte do mandato de Lioniê e sendo eleito para 98/2000, Maurílio Fagundes - 2000/2002 (Rondonópolis), Jurandir Alves Cunha - 2002/2005, sendo reeleito para o mandato de 2005/2007 (Reserva do Cabaçal), e Rubens eleito para o mandato de 2007/2009 (Rondonópolis).
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