sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Debate reúne mais de 200 professores no Plenário do Fórum

Plenário do Fórum de Campo Novo do Parecis

O debate “Educação Visionária”, que faz parte da programação do projeto “História no Ponto” no Ponto de Cultura Ninho do Sol, reuniu mais de 200 pessoas, a maioria professores, no Plenário do Fórum de Campo Novo do Parecis na tarde desta sexta-feira, 24.

A Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Patrícia Wolley, mediou as discussões, levantou questionamentos e fez críticas .

Patrícia Wolley falou de Educação Visionária

Em sua apresentação, Patrícia questionou a ideia de que o índio era dominado e manipulado pelos jesuítas e defendeu que o processo de troca foi recíproco. “A noção de que o índio é facilmente manipulável é mentira. Quando foram procurar os nativos, os jesuítas foram obrigados de algum modo a entrar no universo deles”, disse.

“A relação com os índios ia muito além de uma simples aculturação. Os jesuítas também foram influenciados pela população nativa. Alguns índios se sujeitavam a ficar sob a tutela da Igreja para fugir da escravidão. No Pará e Maranhão, por exemplo, a escravidão indígena superou a negra”, continuou.

Questionada se os jesuítas contribuíram em algo para os indígenas, Patrícia responde: “Eram trocas culturais desiguais? Sim. Mas os jesuítas fizeram um trabalho pioneiro do registro das línguas nativas, por exemplo, foram eles quem começaram a transformar a linguagem oral em escrita”, disparou.

"O binarismo vencedor versus vencido deixa de considerar o indígena como agente histórico ativo. Será que preservar a cultura e a memória das populações indígenas é o mesmo que mantê-las isoladas do mundo exterior?", criticou Patrícia Wooley.

Patrícia lembrou que sua especialidade são os jesuítas do período colonial e relatou que as missões do século XX foram pouco estudadas. Ela parabenizou o Ninho do Sol por estar trabalhando com o tema.

“Nosso objetivo é lançar essa discussão e influenciar as próprias pessoas daqui e de outros lugares a pesquisar mais sobre o assunto e aqui foi dado o pontapé inicial, parabéns ao Ponto de Cultura pela iniciativa”.

Na manhã deste sábado, 24, Patrícia Woolley, Anderson Barreto, Adriano Belisário e o pessoal do Ninho do Sol se deslocará às ruínas da Missão Jesuíta de Utiariti, na Reserva Tirakatinga, dos índios Nhambikwara, situada a 140 quilômetros de Campo Novo do Parecis, no município de Sapezal. Essa será a primeira vez que a equipe da RHBN visitará o local.

O projeto História no Ponto é realizado pela RHBN em parceria com o Ponto de Cultura Ninho do Sol, do Teatro Ogan. Em Campo Novo o projeto teve o apoio do Governo Municipal, Câmara Municipal e Secretaria de Educação e Cultura (Semec).

É Cultura? Ta no Ponto!

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