quarta-feira, 29 de julho de 2009

Campanha Cidade Limpa

O Governo Municipal de Campo Novo do Parecis, preocupado com o embelezamento de nossa cidade, lançou a "Campanha Cidade Limpa" com a proposta de questionar os valores sociais e tratar de temas como lixo, reciclagem e valorização do ser humano.

No lançamento da campanha ocorrido no dia 27 de julho, no plenário da Câmara Municipal de Vereadores, o Teatro Ogan apresentou o espetáculo Feiurinha para Crianças para um público que lotou o espaço. Após, os presentes assitiram uma palestra que trata dos temas relativos à campanha.

A mensagem que o Teatro Ogan deixou foi a de responsabilidade para com o meio ambiente, num texto de Nicolas Hulot, Presidente da Fundação Nicolas Hulot para a Natureza e o Homem.

“A Terra vai mal. O Homem exerce uma influencia crescente sobre as condições de vida e sobre a própria evolução. O futuro da humanidade poderia ser comprometido. É urgente que a tomada de consciência se traduza em atos, individuais e coletivos. Precisamos, juntos construir uma sociedade que concilie os imperativos de hoje e as necessidades de amanhã. Trata-se de um desafio sem precedentes, de uma ocasião única de dar novo sentido ao progresso, desenvolvendo novas formas de solidariedade com as gerações futuras e o conjunto dos seres vivos”.

Montado no estilo teatro de rua, o espetáculo abusa de cenário e figurinos coloridos, confeccionados a partir de técnicas do “fazer artesanal” e utilizando-se de material reciclado. É a mensagem de sustentabilidade deixada pelo Teatro Ogan.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dioniso - o Deus da transformação

Conhecer os mitos é aprender o segredo das origens dos fenômenos; e conhecer as origens dos fenômenos equivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou reproduzi-las à vontade.
Neste caso, a mitologia que nos interessa é a grega, porque é dela que surgirá o Teatro, enquanto atividade estruturada e institucionalizada. Mas este processo é de longuíssima duração e se inicia em períodos arcaicos quando o homem grego acreditava que Zeus, a divindade suprema, deus da luz, era o rei dos deuses e dos homens.
Os deuses gregos eram antropomórficos, isto é, além da imortalidade e de poderes extraordinários, também possuíam a forma e o temperamento dos seres humanos, incluindo-se aí todos as nossas fraquezas e defeitos. Portanto, Zeus, o deus supremo, além de sua "esposa oficial" chamada Hera, apaixonou por muitas outras deusas, semideusas ou simples mortais, tendo com elas vários "filhos ilegítimos".
É a história de Dioniso, um destes filhos ilegítimos de Zeus, que nos interessa:
Dos amores de Zeus e Perséfone nasce o primeiro Dioniso, o preferido do pai e destinado a sucedê-lo no governo do mundo. Para proteger o filho dos ciúmes de sua esposa Hera, Zeus o entrega aos cuidados de Apolo, que o esconde.
Hera, mesmo assim, descobre o paradeiro do jovem Deus e encarrega os Titãs de matá-lo. Os Titãs esquartejam Dioniso, cozinham seus pedaços e os comem. Zeus, muito aborrecido, fulmina os Titãs e de suas cinzas nascem os homens. Fato que explica os dois lados existentes nos seres humanos - o bem e o mal. A nossa parte titânica é a matriz do mal, mas como os Titãs haviam comido os pedaços de Dioniso, possuímos também algo de bom.
Porém, os deuses são imortais e Dioniso não morre - ele renasce transformado. Como? Uma outra namorada de Zeus, a deusa Sêmele, salva-lhe o coração que ainda palpitava e engole-o tornando-se grávida do 2º Dioniso.
Hera, no entanto, continua vigilante e ao ter conhecimento das relações amorosas de Sêmele com o esposo, resolve eliminá-la. Hera se transforma em ama de Sêmele e a aconselha a pedir ao amante que se apresente em todo o seu esplendor. Zeus se apresenta com seus raios e trovões. O palácio de Sêmele se incendeia e ela morre carbonizada.
O feto, o futuro Dioniso 2, é salvo por Zeus que o retira do ventre da amante e o guarda em sua coxa até que se complete a gestação normal. Após o nascimento, temendo nova vingança de Hera, Zeus transforma o filho em bode e ele é levado para o monte Nisa, onde fica aos cuidados das ninfas e dos sátiros. Lá, no monte Nisa havia uma vasta vegetação de videiras. Quando Dioniso, já adolescente, espreme as frutinhas da uva e bebe seu suco em companhia dos sátiros (metade homem-metade animal) e das ninfas (princípio feminino) é criado o vinho. Embriagados começam a dançar e cantar.
Toda esta história além de fantástica é simbólica, isto é, ela guarda dentro de si inúmeros significados. Exemplificando:
1. Dioniso - Deus da vegetação - morre violentamente, mas, retorna à vida. Assim como toda semente que passa uma parte do ano embaixo da terra, Dioniso morre, renasce, frutifica, torna a morrer e retorna ciclicamente. A sua história reproduz as estações do ano: a época de semear, de esperar a semente germinar e finalmente a colheita.
2. O fato de Dioniso ser visto sob forma animal, como touro ou bode, representa a sua capacidade de transformação, assim como a da natureza.

Por Elza de Andrade

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dioniso - do mito ao teatro

Dioniso, deus da vegetação e do vinho, era homenageado pelos primitivos habitantes da Grécia, através de procissões que procuram relembrar toda a sua vida. Estes cortejos reuniam toda a população e eram realizados na época da colheita da uva, como uma forma de agradecimento pela abundância da vegetação. O homem primitivo acreditava que esta homenagem ao deus garantiria sempre uma colheita abundante.
Nestas procissões dionisíacas contava-se a história de Dioniso, de uma forma análoga às procissões da Semana Santa cristã, onde a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo é relembrada.
Estas procissões fazem parte de uma tradição muito antiga dos povos primitivos gregos, e aos poucos, ao longo de centenas de anos, vão se organizando melhor, e adquirindo contornos mais definidos. Então, o que inicialmente era um bando de gente cantando e dançando, com o passar do tempo vai se transformando em grandiosas representações da vida do deus, que reunia toda a comunidade, em diferentes coros cantados, com os participantes vestidos de bodes (Dioniso transformado), ninfas (ou bacantes) e sátiros (metade homem/metade animal). O coro se divide em semi-coros que passam a dialogar entre si. Estes semi-coros passam a ter um líder - o corifeu.
Porém, mesmo com todas estas inovações, a história do deus continuava sendo narrada, sempre na terceira pessoa, com muito respeito e distanciamento. Até que em 534 a.C., um corifeu chamado Téspis, resolve encarnar o personagem Dioniso, e transforma a narração, em um discurso proferido na primeira pessoa:
- Eu sou Dioniso. - diz Téspis, considerado historicamente como o primeiro ator.
Conta-se que Sólon, famoso legislador grego, assistindo à nova proposta de Téspis, perguntou-lhe se ele não se envergonhava de mentir, fingindo ser alguém que de fato não era. Ao que Téspis respondeu dizendo:
- Mas eu estou apenas brincando.
Sólon, muito preocupado, argumentou dizendo:
- Mas a partir de agora as pessoas também poderão mentir/brincar nos contratos.
Neste curto diálogo entre Téspis e Sólon podemos perceber o caráter de jogo e de brincadeira (que Sólon chama de mentira) sempre inerente ao trabalho do ator. No início de sua história o ator foi chamado de hypocrités (hipócrita) ou aquele que finge ser alguém que não é.

Por Elza de Andrade

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Teatro Ocidental

Quase todos nós, quando éramos crianças, acreditávamos na existência de Papai Noel. E aos poucos, à medida que fomos crescendo e nos tornando mais racionais, fomos descobrindo a real identidade do "bom velhinho". Outra história também muito comum entre as crianças está relacionada à chuva e aos trovões, que seriam os sinais de que Deus está fazendo uma grande faxina no céu, arrastando os móveis (trovões) e lavando a casa (chuva).
Podemos comparar o homem primitivo a esta criança que acredita em diversas histórias que tentam explicar o mundo e seus fenômenos naturais. Até hoje, quando vivemos um espantoso avanço tecnológico e científico, que nos permite um extraordinário conhecimento e controle da natureza, não conseguimos explicar muitos dos mistérios da natureza. Imaginem há milhões de anos atrás!
O homem primitivo, completamente ignorante, perdido e assustado, começa, então, a criar histórias que vão tentar explicar o mundo e a vida. É através destas histórias que ele tenta compreender e controlar a natureza, a vida, a morte, o nascimento, a fertilidade do solo, a origem do universo, que para ele eram obra dos deuses. Ao conjunto destas histórias damos o nome de mitologia.
Uma das mitologias mais conhecidas de todo o mundo é a cristã que conta no seu famoso livro, a Bíblia, a história da criação do mundo, do nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição de um de seus principais mitos, Jesus Cristo, além de muitas outras histórias paralelas.
Nesste caso, que estamos começando a contar a História do Teatro Ocidental, a mitologia que nos interessa é a grega, porque é daí que vai surgir o Teatro, enquanto atividade estruturada e institucionalizada.
Para os gregos, a história da origem do universo e da vida começa com o Caos, a personificação do vazio primordial, anterior à criação, quando os elementos do mundo ainda não haviam sido organizados. Do Caos grego surge Géia (ou Gaia) que é a Terra de onde nascem todos os seres. A própria Géia gerou Urano que é o Céu. Como podemos observar na natureza, o Céu cobre a Terra, numa posição que para os gregos era indicativa de uma relação sexual. Este primeiro casamento divino deu origem a Tártato e Eros e foi imitado pelos deuses, homens e animais. Tártaro representa a outra vida, o mundo subterrâneo, o local mais profundo, nas entranhas da terra, e também o local dos suplícios e torturas, onde eram lançadas as almas rebeldes. Eros é o desejo em todos os seus sentidos e quando personificado é o deus do amor.
Da terceira geração divina, descendente de Géia e Urano, vai nascer Zeus, que é a divindade suprema, o deus da Luz. Zeus é o rei dos deuses e dos homens. Ele tinha poderes extraordinários, não só provocava a chuva, o raio e os trovões, mas também mantinha a ordem e a justiça no mundo. Zeus, apesar de ser um deus imortal, de poder absoluto, também possuía uma personalidade humana, apaixonada e vingativa. Casado oficialmente com Hera, teve, no entanto, numerosas amantes e filhos "ilegítimos". Um destes filhos, o mais querido, era Dioniso também chamado de Baco, que vem a ser o deus da vegetação, da vinha, do vinho, da transformação e do teatro.
Por Elza de Andrade